Pesquisa revela que endividamento das famílias amazonenses atinge mais de 70%
Dados são apurados mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. Grandes vilões são os cartões de crédito e carnês
“A falta de conhecimento de um gerenciamento financeiro básico causa esse número alarmante de endividados”, alerta o presidente do Conselho Regional de Economia do Amazonas (Corecon-AM), Marcus Evangelista, sobre o nível de endividamento das famílias de Manaus com o comércio e os serviços locais de agosto deste ano, que chegou a 70,4%. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) apurada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O endividamento das famílias bate ao menos 70,4%, o equivalente a 456.212 delas, já se dizem nessa condição, conforme pesquisa. É um percentual significativamente maior do que o registrado em julho de 2022 (67%), ficando pouco acima da marca de agosto de 2021 (69,7%). “É alarmante esse número que só cresce a cada medição de cada período do ano”, destaca Evangelista.
De acordo com a pesquisa, as famílias com renda acima de dez salários mínimos seguem proporcionalmente predominantes entre as endividadas, respondendo por 78% do total. Também estão entre as mais inadimplentes (35,4%), por uma pequena margem.
Em todo o país, os grandes vilões são os cartões de crédito e carnês. Outro detalhe importante é que as famílias que ganham até dez salários mínimos são as que se encontram sem capacidade de pagar as despesas dos cartões e carnês.
“O cartão de crédito vem se destacando dentro desse endividamento como principal indutor e de fato e infelizmente as famílias não sabem gerenciar o cartão de crédito, né? Infelizmente é o mau consumo e para resolver esse problema é necessário um trabalho de formiguinha, como se fosse uma dieta”, explica.
Ainda conforme os dados do Peic, os principais tipos de dívida levantados – em todo o país, além dos cartões de créditos, são cheque especial, cheque pré-datado, crédito consignado, crédito pessoal, carnês, financiamento de carro e financiamento de casa.
“Você tem que estabelecer de gastos e respeitar. Se já tiver endividado, então o seu primeiro foco vai ser sair desse endividamento. De que maneira? Organizando tudo num papel numa planilha simples. Vendo aí pra onde está indo o dinheiro. Porque infelizmente quanto mais endividado mais perdido a pessoa fica”, aconselha Evangelista sobre os primeiros passos para sair do endividamento.
Marcus destaca ainda que é preciso cortar os gastos supérfluos; se manter sem dívidas; se acostumar a viver sem o cartão de crédito na carteira para não causar o endividamento e tentar ir fazendo uma reserva financeira, seja aplicação ou uma poupança.
“Conseguiu ter a reserva financeira emergencial? Ótimo. Primeiro, que reserva é essa? É você saber quanto que você gasta no mês e ter pelo menos cinco meses desse valor guardado em algum tipo de aplicação ou até mesmo de poupança. Por quê? Caso dê alguma zebra você não vai passar apuros. Depois da reserva de segurança vai para o último objetivo, que todo mundo quer, que é se tornar um investidor?”, conclui.