Caprichoso surpreende e emociona multidão que lota as duas arquibancadas do Bumbódromo, durante ensaio
Itens do bumbá apresentaram uma prévia do que será exibido ao público nas três noites do festival, nos dias 30 de junho, 1⁰ e 2 de julho
O boi-bumbá Caprichoso reinou absoluto no Bumbódromo de Parintins na noite desta quarta-feira (28/06), quando realizou sua passagem de som, que também faz as vezes de último ensaio técnico para os ajustes finais das apresentações dos três dias do Festival Folclórico de Parintins (distante 369 quilômetros de Manaus).
Durante a passagem de som, aberta ao público, os torcedores de cada bumbá lotam os dois lados do bumbódromo, que nas noites da disputa ficam divididos entre azul e vermelho. O ensaio contou com a presença da coordenação e direção do Caprichoso, artistas do elenco coletivo e individual, Marujada de Guerra e o item 19: a galera, que compareceu em peso, lotando o Bumbódromo tanto do lado do azul e branco quanto do lado do contrário.
Neste ano, o Caprichoso traz para a arena o tema “O Brado do Povo Guerreiro”, que exalta a construção coletiva da qual surgiu o bumbá azul e branco. O brado que o Caprichoso pretende ecoar na arena é a brincadeira de criança surgida do “sonho, promessa e anseio de uma gente que teceu uma nova forma de revolução forjada na simplicidade de ser e na garra de seguir vivendo em meio às adversidades”.
Galera polivalente
Compondo o público que se reuniu no Bumbódromo de Parintins para assistir ao ensaio aberto do Caprichoso, pessoas das mais diversas origens e ocupações. De artistas do boi a torcedores históricos, passando pelos herdeiros do amor pelo Caprichoso.
É esse o caso de dona Rosa Cursino, cujo amor pelo boi Caprichoso vem de outras gerações. “Meu amor pelo Caprichoso é de família. Meu pai brincou no Caprichoso”, diz ela, que está confiante na vitória de seu boi de preferência.
“O trabalho foi feito. O Caprichoso vai ser bicampeão. Nós confiamos no nosso presidente, que fez um bom trabalho. Vocês vão ver na arena. Vai ser surpreendente. Nós vamos ser bicampeões”, diz dona Rosa.
Um dos mais proeminentes artistas do Boi Caprichoso, Rossy Amoedo também estava entre a galera que foi conferir o ensaio técnico do Caprichoso.
“Na verdade, esse é o momento em que o boi junta todas as pontas soltas e consegue cronometrar o tempo, sentir toda a toada, sentir o posicionamento, marcação de arena para as tribos, para os itens, sentir como está a afinação de instrumento e banda”, explica.
Rossy Amoedo também destaca que o conjunto da apresentação é muito importante e é uma das funções do ensaio técnico.
“Infelizmente, não conseguimos fazer com alegorias e adereços das apresentações. Mas, mesmo de uma forma mais simples, cada brincante consegue ter uma noção e dimensão de espaço de arena para, no dia da apresentação, estar tudo afinadinho”, diz.
Também no mosaico que compõe a galera apaixonada pelo Caprichoso está o carnavalesco Cahê Rodrigues, atualmente responsável pelos desfiles da Escola de Samba carioca União da Ilha. Torcedor apaixonado do boi Caprichoso há mais de 20 anos, Cahê também estava conferindo o ensaio do bumbá azul e branco.
“É sempre uma emoção. Eu digo que só quem vem para cá e vive isso é que sabe. As pessoas não entendem porque eu largo tudo lá e venho para cá todo ano, mas só eu sei o que eu vivo aqui na ilha. É tudo muito mágico”, declara.
“Sou caprichoso desde sempre. Conheci o festival por meio de uma fita cassete que um amigo me emprestou em 1997 e as toadas do Caprichoso já me pegaram naquela época. Ganhei de presente de aniversário a minha primeira vinda para cá. Faço aniversário dia 30 de junho. Então sempre comemora aniversário aqui. É um presente que eu ganho todo ano. Assim, o Caprichoso faz parte da minha vida”, conta o carnavalesco.
Fotos: Arleison Cruz, Alexandre Vieira, Michel Amazonas e Pedro Coelho