Produtos inusitados como xarope de cupim e farinha de sangue de boi despertaram curiosidade durante feira do DAS
Primeira edição da Feira de Empreendimentos e Negócios do Distrito Agropecuário da Suframa, encerrou nesta quarta-feira, com a participação de dezenas de produtores e empreendimentos agrícolas
Uma variedade de produtos, de laranjas até biojoias de couro de peixe, e também inusitados, como xarope a base de cupim e uma farinha de sangue de boi altamente nutritiva, foram alguns das opções apresentadas durante a 1ª Feira de Empreendimentos e Negócios do Distrito Agropecuário da Suframa (DAS), realizada na sede da autarquia, que terminou nesta quarta-feira (18/10).
De acordo com o superintendente da Suframa, Bosco Saraiva, o objetivo da feira, dar visibilidade aos empreendimentos presentes no DAS, que englobam propriedades familiares, culturas de subsistência e empreendimentos de médio e grande porte, com o intuito de atrair investimentos em agroindústrias, bioeconomia e turismo ecológico, além de facilitar conexões que estimulem novos negócios, foi plenamente alcançado.
“Estamos muito felizes em realizar essa feira que é um sonho do projeto inicial da Zona Franca de Manaus”, afirmou.
Além das atividades de degustação e comercialização, também foram realizadas uma série de atividades, como apresentações de instituições financeiras sobre linhas de crédito para os produtores, juntamente com palestras abrangendo diversas cadeias produtivas.
Francisco Silva, produtor rural de Rio Preto da Eva há 23 anos, expressou seu interesse no mercado de crédito de carbono, que poderia ser vantajoso para o seu negócio.
“Por meio desta feira, descobri hoje o pessoal que trabalha com crédito de carbono e já vou consultá-los, pois há muitos benefícios que nós, produtores rurais, nem conseguimos imaginar ou enxergar, pois estamos trabalhando no sítio dia e noite. Como preservamos o meio ambiente e plantamos árvores para melhorá-lo, acredito que possamos ser elegíveis para o crédito de carbono”, afirmou.
Thompson do Vale, da Mawe Produtos da Amazônia, enfatizou a importância do networking proporcionado pela feira.
“Estamos em busca de contatos para possíveis parcerias comerciais e também esperamos encontrar investidores comprometidos com o agronegócio, dispostos a investir para beneficiar o pequeno agricultor, que é um dos nossos valores fundamentais: a valorização do trabalho do agricultor”, afirmou. A Mawe, que é uma startup de Maués incubada no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), trouxe para a feira o guaraná em pó e em cápsulas, além de chocolate em pó.
Xarope de cupim
De um inseto comumente indesejado por causar danos significativos a estruturas de madeira e construções, a Cupim da Amazônia desenvolveu um xarope natural utilizando toda a casa do cupim e os insetos, inicialmente para atender às necessidades das famílias carentes nas periferias.
A história por trás do empreendimento revela uma jornada de perseverança e espírito de colaboração, conforme mencionado por um dos fundadores, Antônio Gomes de Arruda, que com 89 anos de idade ainda se dedica ao projeto por amor ao próximo.
A iniciativa surgiu a partir da união de esforços entre membros da Pastoral da Saúde da paróquia de São Bento, localizada na Cidade Nova, zona Norte. “Começamos a elaborar o remédio à base de cupim, por meio de conhecimentos prévios e orientações de uma irmã, que trouxe experiências da Argentina e de outros países”, explicou.
A produção do medicamento é realizada no sítio de Arruda, localizado na BR-174, que liga Manaus a Boa Vista. Além de distribuir o remédio nas pastorais, o grupo também comercializa o xarope de cupim para garantir a manutenção de sua equipe, composta por membros remunerados e voluntários que dedicam seu tempo e esforço em prol da causa. Mais informações dos produtos naturais oferecidos pela empresa podem ser encontradas no perfil do Instagram @cupimdaamazonia.
Farinha de sangue
A Solimões Indústria e Comércio de Óleos e Proteínas, localizada no Iranduba (a 25 quilômetros de Manaus), está desempenhando um importante papel na produção de uma farinha de sangue de boi altamente nutritiva.
Conforme explicado pelo gerente de produção da empresa, Manoel Ferreira de Lima, o processo de fabricação envolve uma série de etapas cuidadosas, desde o recebimento do sangue até a produção final da farinha.
“O sangue chega em estado líquido, armazenado em tanques de reservatório, e passa por um processo de vaporização. Em seguida, é direcionado ao tridecanto, onde o líquido é separado da massa e, por último, o material é encaminhado para o secador, resultando na criação da farinha”, explicou Lima.
A farinha contém alto teor de nitrogênio, sendo amplamente utilizada na produção de rações para peixes e também como fertilizante ou adubo.
A farinha de sangue produzida pela Solimões é um exemplo de como subprodutos industriais podem ser transformados em recursos valiosos e funcionais, desempenhando um papel essencial na sustentabilidade e eficiência da indústria agropecuária.
Fotos: Divulgação/Suframa