Alimentos com linguiças, mortadelas e requeijão têm elevado índice de agrotóxicos, aponta pesquisa
Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) analisou 24 alimentos processados para chegar a essa conclusão
Alimentos de origem láctea e animal consumidos todos os dias por milhares de brasileiros, como mortadela, requeijão industrializado e linguiças, contêm resíduos de agrotóxicos, revela estudo inédito denominado “Tem veneno nesse pacote”, realizado pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
Foram analisados 24 alimentos ultraprocessados feitos à base de carne e lácteos e constatou-se a presença de agrotóxicos na composição de 58% dos produtos. Em destaque foi informado ter sido constatado a presença de pelo menos um pesticida em todas as marcas de salsicha, hambúrguer de carne bovina e empanados de frango analisados no estudo.
O empanado de frango Seara foi o campeão de venenos, pois nele foram encontradas cinco substâncias, dentre elas glifosato e glufosinato. Já o requeijão Itambé e os nuggets de frango da Sadia e da Perdigão possuíam uma concentração de substâncias maior do que o permitido em seus alimentos base.
Mesmo sem estabelecer limites máximos de resíduos de agrotóxicos em produtos ultraprocessados, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) indica bases comparativas a partir de alimentos base. No caso do empanado de frango, por exemplo, os pesquisadores puderam identificar a presença acima do permitido do agrotóxico pirimifós metílico, que possui limite máximo de resíduo para o frango ou subproduto que serve de base para a produção dos nuggets.
Agrotóxicos como a bifentrina não têm indicação de limites máximos definidos para o alimento usado como matéria-prima do ultraprocessado, o que impede a análise da presença de pesticidas acima do permitido.
A Anvisa não respondeu ao site a pergunta se um produto que exceda o limite estabelecido para seu alimento base pode ser retirado do mercado, informando que nos casos em que se detectam resíduos de agrotóxicos acima do permitido, é necessário realizar uma avaliação de riscos e identificar o potencial risco à saúde do consumidor.
Para o Idec, a Anvisa precisa retirar esses produtos das prateleiras a fim de garantir a segurança dos consumidores.
Procurada pela reportagem, a Seara Alimentos afirmou que “todos os produtos avaliados respeitam os parâmetros para itens alimentares regulamentados pela Anvisa”. Já a BRF Foods, dona das marcas Sadia e Perdigão, ressaltou que “aplica internamente rigorosos padrões de qualidade que atendem à regulamentação da própria Anvisa e do MAPA [Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento] e são reconhecidos por diversos organismos de controle”.
Com informações do site Repórter Brasil