Indígenas Tikuna participam de oficina internacional de artesanato em Benjamin Constant
Evento é realizado pelos dos governos do Brasil e da Colômbia, por meio do Programa de Artesanato Brasileiro e Artesanias de Colômbia, com apoio do governo do Amazonas e prefeitura de Benjamin Constant
Mais de 100 famílias da etnia Tikuna participam do Workshop Internacional de Artesanato Indígena, na comunidade de Bom Caminho, em Benjamin Constant na tríplice fronteira, no Alto Solimões. Às atividades iniciaram no dia 24 e terminam nesta sexta-feira (27/05).
O Sebrae Amazonas apoia e interage nas oficinas que contam com representantes dos governos federais do Brasil, Colômbia, estadual do Amazonas e municipal.
A diretora técnica do Sebrae Amazonas, Adrianne Antony Gonçalves, que participou da abertura das atividades bilaterais na aldeia, disse que o Sebrae tem trabalhado na constante evolução do design do artesanato indígena e ribeirinho, e que participar desta ação internacional, é o reconhecimento de anos de trabalho integrado com os artesãos e artesãs do Amazonas.
Para a presidente da Associação das Mulheres Artesãs Tikuna da Comunidade do Bom Caminho, Elizabeth de Souza Tikuna, as oficinas trouxeram novos conhecimentos para o artesanato que elas produzem. E aproximaram às culturas dos povos.
“A gente aprende com os que os outros fazem e eles com o que a gente faz. É uma troca sem fronteiras”, destaca.
A artesã tikuna Cleide Ferreira, explica que o artesanato local é vendido nas grandes cidades do Brasil e que, com a oficina, o trabalho que os indígenas brasileiros desenvolvem, também será reconhecido nas cidades colombianas.
“Essa troca de conhecimentos aproxima as pessoas. Somos conhecidos pela nossa cultura e pelo artesanato”, afirma.
O coordenador geral de Empreendedorismo e Artesanato do Ministério da Economia, no âmbito do Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), Fábio Silva, explica que faz parte do acordo com a Colômbia, a realização das oficinas de artesanato.
Essa ação, representa a internacionalização do artesanato da floresta com alto valor agregado impulsionado pela tradição do design e pelas orientações de mercado; que permitem a geração de renda para os indígenas que, com os seus trabalhos sendo comercializados nos grandes centros, lhes oferece às condições necessárias para que eles possam continuar produzindo sem deixar suas origens. E que o governo federal com esta aliança consegue manter a qualidade de vida deles, através do artesanato de alta performance”, diz.
Linguagem da floresta
O Coordenador Nacional dos Laboratórios de Inovação e Desenho dos Artesanatos da Colômbia, Juan Carlos Pacheco, destacou que os indígenas Tikuna tem tradição milenar com o artesanato e que o design melhor trabalhado amplia, ainda mais, as vendas das suas peças no mundo. E que a Amazônia brasileira e colombiana tem uma linguagem artística muito parecida, que é aceita pela técnica refinada e o aproveitamento integral da matéria prima da floresta.
O cacique da comunidade Bom Caminho, Edival Vallejo Sales, conta que, com a ajuda do Sebrae Amazonas, tem conseguido manter o padrão do artesanato de sua aldeia, que é conhecido nacionalmente, através das feiras em que participa e pelas oficinas que a instituição oferece e que, agora, com este intercâmbio internacional, ficará ainda mais valorizado, o que é muito bom para as artesãs da aldeia.
O secretário executivo de Trabalho e Empreendedorismo do Amazonas, André Mota, manifestou o interesse de dar continuidade às oficinas de artesanato em todas as regiões, onde ele é produzido por indígenas e ribeirinhos. E que o Programa de Artesanato Brasileiro (PAB), é um parceiro que tem todas as condições de ampliar a abrangência do artesanato amazônico em escala nacional e internacional, como o que se observou na comunidade Bom Caminho dos Tikuna.
Anfitrião da oficina internacional de artesanato, o secretário de Turismo e Empreendedorismo de Benjamin Constant, Marcelo Bacana, enfatizou que o município é um dos mais avançados em temas relacionados aos indígenas, dentre eles o artesanato, por ter um campus da Universidade Federal do Amazonas, onde o curso de Antropologia é destaque. Disse ainda que, pela proximidade com o Vale do Javari, que tem seis etnias e a maior quantidade de índios isolados do Brasil.
“Nós trabalhamos atentos ao turismo, empreendedorismo e ao fortalecimento das culturas das etnias locais. E sediar esta oficina internacional de artesanato nos orgulha, por tudo que temos feito pela economia da floresta e seus povos”, disse.
O evento é uma realização dos governos do Brasil e da Colômbia, por meio do Programa de Artesanato Brasileiro e Artesanias de Colômbia, respectivamente. A iniciativa tem o apoio da Prefeitura Municipal de Benjamin Constant e do Governo do Estado do Amazonas.
De acordo com os organizadores, Benjamin foi a cidade escolhida no Amazonas pelo apoio e projeção que o município tem dado ao artesanato local. A administração municipal vem desenvolvendo um programa contínuo de capacitação junto às associações locais de artesanato indígena. Ao longo da atual gestão, já foram promovidos cursos de qualidade, e-comerce, fotografia de produtos, além das rodadas de negociação online, em que a produção é vendida para diversas regiões do País.
O Workshop contou com a presença de consultores de artesanato do Ceará, do Espírito Santo, Colômbia e Brasília.
Nas oficinas foram abordadas questões como o fortalecimento e organização do grupo, com base nas histórias e experiências dos artesãos indígenas. Também foram apresentados temas como estratégias de design colaborativo, diversificação de produtos e desenvolvimento de linhas e coleções.
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